Sunday 31 October 2010

O salva dor

A novela portuguesa "O Orçamento" terminou á pouco a sua primeira temporada. Os protagonistas principais juntaram-se finalmente depois de uma série de peripécias. A novela tinha sido da mais baixa qualidade desde o dia um. Percebeu-se imediatamente que o argumento não tinha nível e que se tratava de uma produção low-cost. Tudo começou com cíume e traição, chegando um a dizer mesmo que jamais se encontraria a sós com o outro depois de, aparentemente, ter havido um "tango" mal amanhado. A reconciliação aparece mais tarde depois de um amigo de Teixeira Santos lhe ter feito um pedido de ajuda. Cavaco Silva tinha resolvido intervir até porque as eleiçóes estão perto. Tornou-se assim no salvador do orçamento. Aliviando a consciencia de Teixeira Santos e a dor de Passos Coelho, que mais que as negras dos pés pisados do tal "tango" com Sócrates, sofria pela rejeição. Este teria dito que nao aceitava subida de impostos mas voltaria atrás se o governo aceitasse outras condições. Que condições seriam essas? A novela aqui deixa poucas certezas e um cliff-hanger para a próxima temporada, a tal discussão na especialidade onde serão negociados cerca de 500 milhões de euros. Só uma análise cuidada permitirá apurar o que se passou para estabelecer estas condições. Sobre as negociações entre PS e PSD o jornal público de 30 de Outubro vem dizer o seguinte:

"Na já “velha” guerra das deduções, já tinha antes havido cedências face ao ponto de partida. O PSD tinha aceite que se aplicasse os limites nos sétimo e oitavo escalões, os dois últimos do IRS. O Governo respondeu na quarta feira que, assim, só 60 mil contribuintes seriam visados e propôs que se poupasse, além dos dois primeiros, também o terceiro escalão. Agora, parece que a solução final estará mais próxima daquilo que sugeriu o PSD, o que pode vir a ter um impacto superior a 300 milhões de euros nas contas do défice."

Ou seja, mais importante que a subida de IVA ou os cortes no abono de familia, terá sido para o PSD os limites nas deduçóes dos actuais quinto e sexto escaláo:


  •  Escalão: De 41 349 até 59 926 euros;
  •  Escalão: De 59 926 até 64 623 euros
 Aqui o PSD  achou que seria preferível voltar atrás na palavra sobre os aumentos dos impostos que afectará gravemente as classes mais baixas, sem falar nos cortes do abono e comparticipaçóes de medicamentos, do que aceitar os limites às deduções para individuos que tenham vencimentos anuais entre os 41 439 euros e os 64 623 euros. Porque terá sido? Quem quereráo proteger aqui?
Ninguém explica. Tudo o que os portugueses sabem é que esta história está toda muito mal contada.

Thursday 21 October 2010

Tirania democratica

O governo de José Sócrates entregou o orçamento para 2011 ja fora do prazo definido pela constituição. Apesar de por varias vezes ter requerido uma tomada de decisão rápida e antes do tempo à bancada parlamentar do PSD o Primeiro Ministro não foi capaz de entregar o dito orçamento dentro do prazo estipulado. Não se percebe bem porque. Talvez ainda estivesse a espera de algum comentário de ultima hora de Pedro Passos Coelho. Mas este dedicou-se ao silencio qual pastorzinho a guardar o segredo de Fátima. Compreende-se. Só um milagre salvara o Pais do colapso. A situação não lembraria ao diabo. O Orçamento, de que ninguém gosta, não pode ser recusado. O governo já veio lembrar que a recusa do Orçamento implicaria a sua demissão e, dada a impossibilidade legal de realizar eleições a curto prazo devido às presidências marcadas para Janeiro, o Pais, sem orçamento, cairia inevitavelmente nas mãos do FMI e, provavelmente, entraria na crise mais grave de que há memoria. Perante esta ameaça, o governo passa agora a ter todo o poder para fazer o que bem entender. Os protestos anulam-se num barulho ensurdecedor que Sócrates já aprendeu a ignorar. A resistência e fútil. Com esta ameaça de demissão Sócrates fez de Portugal refém. Não haverá na historia tirano que tenha feito melhor. Nas ditaduras abafam-se os opositores mas com Sócrates não e preciso. Os opositores simplesmente não tem influencia. Chegamos à situação de que nem golpes de estado serem ameaças credíveis. Sócrates tornou-se intocável. O PS já veio dizer que gosta e que seria bom que fosse sempre assim. Para isso propuseram que o orçamento tivesse ligado uma moção de confiança. Isto tornaria a demissão do governo automática com a reprovação do orçamento. Assim, não será preciso vir dizê-lo a publico, a queda do governo esta desde logo implícita. Quem nos valhe?

Saturday 9 October 2010

Quero, posso e mando

Quando eu passo um cheque sem fundos sou acusado criminalmente. Quando o governo promete mas nao cumpre o que e que lhe acontece? Nada. Se eu adquirir produtos ou servicos alem das minhas posses arrisco me a ir para a cadeia alem de cair na maior das vergonhas. Se o governo gastar alem do orcamento estipulado por ele proprio o que e que lhe acontece? Nada. Nem sequer ganha vergonha. Se eu nao preecher a minha declaracao de rendimentos dentro do prazo limite sou multado. No entanto o governo paga quando tiver dinheiro. Se eu estiver em falta no pagamento de impostos vou responder perante um tribunal. O governo portugues desce salarios, tira a quem precisa de medicamentos, corta nos abonos de familia mas nunca irá a tribunal. Na China e preso quem trair os valores fundamentais decretados pelo governo. Em portugal o governo trai os valores definidos por ele proprio mas nao perde tempo com muitas explicacoes . Na China perseguem se opositores. Em portugal nao e preciso. Os opositores falam abertamente mas nao produzem mudanca. So mais uma vez, por favor, isso da democracia, como e que funciona mesmo?


Ler:

As medidas de austeridade
Governo ja estava a par do alto valor do defice antes da eleicoes apesar de dizer o contrario
Governo esconde derrapagem do defice ate apos as legislativas
Derrapagem da despesa continua
Niguem trava o governo

Monday 4 October 2010

"Mas, que posso eu fazer?"

Nao lhe consigo perdoar a pergunta "Mas, que posso eu fazer?" Talvez ir ao café e beber um copo? falar com os amigos sobre a convocatoria do Bento? O que pode o Sr. fazer? sentar no sofá, colocar um cobertor sobre os pes, que com este frio nao vá apanhar um resfriado, e ligar a televisao para ver um filmezinho. O que pode fazer? Aconchege-se no quentinho e deixe o mundo girar que para isso nao é preciso empurrar. Tire uma bebida quentinha e saboreie e respire fundo e vá dormir descansadinho. Durma tranquilo enquanto lhe vao ao bolso. Esteja há vontade enquanto outros lhe confiscam os bens. Esteja sossegado que os seus filho hao de ter um diploma, nem que seja preciso pagar um bocadinho mais e isso é que é importante. Nao mexa uma palha que afinal o país é tecnologicamente avancado, até há quem aprenda na escola a ligar um computador. Nao se preocupe porque o Socrátes já nao ganha as eleicoes, lá terá que tirar umas férias. Afinal de contas já há muito tempo que nao passa pelas Maldivas. O que pode fazer?? Acorde homem. Puxe dos pulmoes e ganhe voz. Lute pela justica. Fiscalize. Saia há rua e denuncie o que está mal. E nao se cale até que lhe oucam. Anda prá frente homem. Nao fique aí parado enquanto lhe enfardam com farinha. Mostre um pouco de alma. Descubra onde lhe gastam o dinheiro. Há obras á sua volta? peca as contas e faca perguntas. Quem? Porque? Como? Quando? Verifique. Fiscalize e lute por aquilo que acredita. Carago homem mostre um pouco de vida. Saia ha rua e corrija o que está mal. Procure quem faz o mesmo. Tenha corajem homem, voce de onde é? Se nao encontra nada para corrigir pergunte ao seu próximo que ele certamente lhe saberá dizer. Combata a evasao fiscal. Peca sempre o recibo e declare sempre tudo e verifique que outros tambem o facam. Nao deixe que o tomem por parvo. Irra, o que faz falta as este país nao é líderes, é gente com raca.